segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Relativismo Moral versus a Verdade Absoluta

O texto abaixo é roteiro da minha palestra dada no II fórum de jovens do Setor 32 (Assembleia de Deus, Catarina I)




I. CONCEITOS

RELATIVISMO: Atitude ou doutrina que afirma que as verdades (morais, religiosas, políticas, científicas, etc.) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos. Nisso está baseado o multiculturalismo e a pluralidade religiosa, que induz as pessoas a estabelecerem “a sua verdade particular”, contrapondo os princípios universais exarados na Bíblia Sagrada.

COSMOVISÃO CRISTÃ: Visão de mundo sob a ótica judaico-cristã. É a compreensão da moralidade, religiosidade, política, ciência, etc, do ponto de vista cristão, considerando sempre as Escrituras Sagradas como a Palavra final em relação a qualquer tema, ou seja, a Bíblia, a Palavra de Deus, é a Verdade Absoluta. Os relativistas não levam em conta os princípios universais que valem para todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares.

II. FRANCIS SCHAEFFER E SUA INFLUÊNCIA
Para tratar de temas como cosmovisão cristã, verdade absoluta, relativismo moral e outros correlatos, o nome de Francis Schaeffer, sem dúvida, deve ser evidenciado. Ele foi pastor presbiteriano que desenvolveu um excelente trabalho voltado para essas temáticas, na Suíça. Fundou e dirigiu uma comunidade chamada L´Abri (O Abrigo) nos Alpes Suíços, onde milhares de pessoas de várias culturas – universitários, escritores, pastores, músicos, pintores – visitaram em busca de respostas honestas para perguntas honestas. Schaeffer foi um dos gigantes espirituais e intelectuais do século 20 e um dos maiores pensadores reformados de todos os tempos. Dentre os livros que escreveu, posso citar Verdadeira Espiritualidade, Morte na Cidade, Como Viveremos e a sua trilogia: O Deus que Intervém, A Morte da Razão e O Deus Que Se Revela (todos da Editora Cultura Cristã).

Algumas frases famosas desse pensador cristão: “O cristianismo não é uma série de verdades no plural, mas é a Verdade escrita com V maiúsculo. É a verdade sobre a realidade total, não apenas sobre assuntos religiosos”. “O cristianismo bíblico é a Verdade concernente á realidade total; é a propriedade intelectual dessa Verdade total, e então vive segundo essa Verdade.”

Francis Schaeffer influenciou a vida de muitas pessoas com seus escritos e com a Comunidade L´Abri. Dentre esses influenciados, e que hoje são também grandes pensadores cristãos, destaco Charles Colson e Nancy Pearcey. Esta última tem sido considerada atualmente a sucessora de Schaeffer, e escreveu Verdade Absoluta (CPAD), libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural. Outro livro de Pearcey, junto com Charles Colson é E Agora, Como Viveremos? (CPAD) e O Cristão na Cultura de Hoje (CPAD).

III. A VERDADE EM DOIS PAVIMENTOS
Uma das tônicas da influência de Schaeffer é a indicação para os cristãos de que eles devem superar a divisão que fazem da sua vida, entre secular e sagrado, e viver a vida cristã intensamente, independente do ambiente em que se encontram. Assim, as atitudes, vivências, comportamentos e pensamentos serão a indicação da vida cristã em sua plenitude, pois muitas opiniões e práticas cristãs são confinadas na mente quando confrontadas pela opinião e prática secular sobre diversos assuntos. Devemos então, encontrar a Verdade Total, os princípios do Evangelho, em todas as situações. Nancy Pearcey captou e descreveu de forma excelente esse ponto específico esquematizando:

OS DOIS PAVIMENTOS
Pavimento de Cima - Pavimento de Baixo
Esfera Particular - Esfera Pública
Preferência Pessoal - Conhecimento Científico
Sagrado - Secular
Coração - Cérebro
Subjetivo - Objetivo

Seguindo essa linha, Ron Rhodes diz, na introdução do seu livro O Cristianismo Segundo a Bíblia (CPAD): “o cristianismo de hoje foi corrompido – até certo grau – pela cultura moderna... muitas pessoas consideram o domingo um dia sagrado e vêem o resto da semana como dias seculares, todavia, nos tempos bíblicos não havia essa distinção... Cada dia era uma oportunidade de viver para Deus e de glorificá-lo”.

Outro autor que aborda a mesma temática é John D. Beckett. Adoro Segunda-Feira é um livro onde ele capta essa divisão que institui uma crise existencial em muitos cristãos. Ele assim expressa: “Domingos eram domingos, muito diferentes do restante da semana, pois atuavam por um conjunto próprio de regras. Será que esses dois mundos que se mostram tão distintos podem se unir?”. Tem gente que adora domingo e detesta segunda-feira! Mas John Beckett é diferente. Ele conseguiu integrar o trabalho com a fé. Conseqüência: Ele está a serviço de Deus a semana toda. E adora segunda-feira!

IV. COSMOVISÃO CRISTÃ NA PRÁTICA
Hoje, com a diversidade cultural, a pluralidade religiosa, a mídia formadora de opinião, as redes sociais, e tantos canais de comunicação que fazem eco para toda forma de pensamento, enquanto cristãos, mais do que nunca devemos buscar um preparo consciente e intelectual, a fim de assumir uma postura de defensores da Verdade Absoluta.

O pastor César Moisés destaca a necessidade dos jovens e adolescentes estarem preparados, e os pais conscientes dessa necessidade, pois muitos adolescentes quando chegam à fase adulta abandonam a fé cristã quando confrontados com o relativismo. “O alarmante dado de que alguns adolescentes estão se desviando da igreja ou abandonando a fé, é sintomático e aponta para uma única direção: Os pais estão esquecendo seu dever, isto é, de fazer a lição de casa, contida em Efésios 6.4. E, num mundo em que o mercado de idéias, mais do que nunca, está em constante mutação, ler a Bíblia sem estabelecer uma conexão ou vinculá-la à realidade, ou seja, sem fazer uma leitura de mundo (Lc 12.54-57), é praticamente inócuo”.

Nancy Pearcey também comenta: “a apologética básica tornou-se habilidade crucial para a simples sobrevivência. [...] A tragédia é representada inúmeras vezes quando os adolescentes cristãos arrumam as malas, despedem-se dos pais e vão para universidades seculares, apenas para perder a fé antes de se formarem, tornando-se presas das mais recentes novidades intelectuais”.

Vamos agora dar alguns exemplos de como evidenciar a cosmovisão cristã diante do relativismo.

a. A EXISTÊNCIA DE DEUS
O que diz o relativismo: Negam a existência de valores morais, por acreditarem que não existe um Deus, portanto, não existem regras universais, verdade absoluta, certo e errado. Refutação: Durante a Segunda Guerra Mundial, C. S. Lewis já havia refutado essa posição numa série de palestras na Rádio BBC, que foi reproduzido em seu livro Cristianismo Puro e Simples. Sobre esse assunto, ele coloca: “As pessoas podem volta e meia se enganar a respeito do certo e errado, da mesma forma que às vezes erram numa soma; mas a existência de ambos não depende de gostos pessoais ou de opiniões, da mesma forma que um cálculo errado não invalida a tabuada”. Esse argumento para a existência de Deus é conhecido como Argumento Axiológico (axio = valor), ou Argumento Moral. Podemos resumi-lo assim: 1) Se Deus não existe, valores e deveres morais objetivos não existem. 2) Valores e deveres morais objetivos existem. 3) Portanto, Deus existe. E Jesus não titubeou em dizer que era a própria Verdade (Jo 14.6).

Outros argumentos para a existência de Deus, que você deve ter sempre em mente, são os Argumentos: Cosmológico: 1) Tudo que começa a existir tem uma causa. 2) O universo começou a existir. 3) Portanto, o universo tem uma causa. Ontológico: 1) Deus é o maior ser concebível. 2) A existência de Deus é possível, e não impossível. 3) Segue-se que Deus deve existir pela impossibilidade da não-existência. Teleológico: 1) O ajuste do universo, ou se deve a necessidade física, ou ao acaso, ou ao design. 2) Não se deve a necessidade física ou ao acaso. 3) Logo, o ajuste se deve ao design. Esse argumento ficou conhecido pela frase “todo relógio implica a existência de um relojoeiro”. (Gn 1.1; Sl 19; Is 40.22; Jo 1.3; Cl 1.16,17).

b. OUTROS TEMAS
Sobre o homossexualismo - dizem que é uma opção sexual. Algumas leis estão sendo discutidas para favorecer essa prática. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Lv 18.22; 20.13; Rm 1.26,27; 1 Co 6.10.

Sobre a virgindade - os jovens estão sexualmente cada vez mais precoces, falam que é preciso ter experiência antes de casar e confundem atração sexual com amor. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Pv 5.3-20; I Co 6.18; 7.9; Gl 5.19.

Sobre o aborto - a mãe decide interromper ou não, não importa a ética, religião ou ciência. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Ex 20.13; Jr 1.5; Zc 12.1; Sl 139.13,16; Gl 1.15.

Sobre o divórcio - como invertem os valores familiares e banalizam o casamento, o divórcio é uma alternativa natural. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Mt 5.32; 15.19; 19.9; 1 Co 7.10,11.

Sobre a Eutanásia - dizem que nestes casos a vida é apenas um prolongamento da morte, e que têm o direito de escolher entre a vida e a morte. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Ex 20.13; Jó 30.23; Ec 8.8; At 17.25.

Sobre a Política - nas várias esferas de poder o sistema político corrupto tem se tornado normal. As práticas corruptas são consideradas normais e até legais. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Rm 13.13; Tg 1.27.

Sobre o Evolucionismo: seguem a teoria de Darwin, de que o homem é resultado da evolução dos primatas. Porém, a verdade absoluta sobre esse tema é: Gn 1.1,26,27; 2.7; Sl 104.30; Jo 1.1-3; Cl 1.16,17. Além das leis científicas que descartam essa teoria, como a biogênese, a Reprodução Celular, a 1ª e 2ª leis da termodinâmica e o registro de fósseis.

c. O RELATIVISMO NO ENEM 2012
Exemplos de como temas que envolvem o relativismo e a verdade absoluta estão tão em evidência recentemente, são algumas questões do Exame Nacional do Ensino Médio, edição de 2012.

Na questão 1 (prova amarela) encontramos expressões como “matérias culturalmente delicadas”, “o status das igrejas e das comunidades religiosas”, “a delimitação das esferas pública e privada” e “distintas convenções de comportamento”.

Na questão 8, temos uma alternativa de resposta que diz “o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas”. E outra, “a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão”.

Já na questão 11, sobre o assunto democracia e liberdade, houve alternativas que falavam sobre “livre arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido” e “ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais”.

V. CONCLUSÃO
Esta pequena abordagem sobre o tema O Relativismo Moral e A Verdade Absoluta deve funcionar como estímulo para que você busque cada vez mais um preparo como defensor da fé cristã, sabendo que ser cristão é também pensar, pois a nossa fé não é um salto no escuro. Como diz a Palavra de Deus: “estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).

Finalizo com as palavras de Nancy Pearcey: “Temos de aprender a colocar Deus de volta à esfera da discussão racional, a fim de ganhar um lugar à mesa do discurso público. Temos de achar um modo de falar sobre o cristianismo como conhecimento objetivo e não apresentar nossos valores pessoais. Temos de demarcar um território cognitivo e estar preparados para defendê-lo” (Verdade Absoluta, pág. 198).

Um excelente livro para começar a ler sobre esse tema é Cristianismo Puro e Simples, de C.S. Lewis.