sábado, 14 de fevereiro de 2009

As expressões artísticas como reflexo do relacionamento entre o homem e Deus - Literatura

“Vós tudo perverteis! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: nada sabe” Is 29.16

Sem se ater profundamente, mas apenas distribuindo os períodos históricos na literatura, de forma cronológica, é fácil perceber:

I. Antiguidade Clássica – O controle da razão sobre os sentimentos. A faculdade de ponderar as idéias, o uso do raciocínio, da forma em seus detalhes. Filosoficamente, o uso de princípios que não dependem da experiência, apenas da lógica e da razão. Algumas personagens se destacam enfatizando essas percepções como Platão e Aristóteles. – ênfase no homem.
II. Medieval – Trovadorismo. A sociedade européia vivia coibida pela Inquisição e as atitudes emanavam do teocentrísmo, ou seja, o homem pensava Deus como o centro do universo. É nesse contexto que temos as figuras de Agostinho e Tomás de Aquino. – ênfase em Deus.
II. Renascentista - O humanismo coloca o homem como centro do universo (antropocentrismo). Em 1572 Luís de Camões, com Os Lusíadas, dá vazão aos elementos épicos e líricos e também fala sobre as expedições ultramarinas e o humanismo. A Reforma Protestante contribui para estimular a derrocada do poderio da Igreja Romana, quando, detentora do conhecimento, frustrava qualquer tentativa de expressão artística que não fosse sob o prisma religioso. Pero Vaz de Caminha, em sua carta ao rei D. Manoel I comunicando o “achamento” do Brasil, relata fascinado a naturalidade dos índios. – ênfase no homem.
III. Barroca – O homem se vê entre o céu e a terra, consciente de sua grandeza, mas atormentado pela idéia de pecado, buscando salvação. No Brasil Gregório de Matos e Antonio Vieira produzem literatura com um teor totalmente devoto e místico. – ênfase em Deus.
IV. Arcadismo ou neoclassicismo – Começa a expressar um ponto de vista mais voluptuoso da realidade, a partir da escolha por um retorno ao mundo visível e sua relação com os hábitos rurais. Nessa direção, tende a abandonar preocupações religiosas. Dentre os pensadores europeus está Voltaire, e no Brasil Cláudio Manoel da Costa e Basílio da Gama. Este último, em seu poema épico O Uruguai, faz crítica à atuação dos jesuítas. – ênfase no homem.
V. Romantismo – A aspiração por uma confissão sincera dos estados emotivos, das fantasias e devaneios que ocupam sua mente, sua interioridade. A natureza é valorizada como exemplo da manifestação e poder de Deus, e o homem O têm como abrigo seguro. Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Taunay e Bernardo Guimarães são exemplo dessa geração romântica que, mesmo envolvida com seus sentimentos variáveis e intrínsecos, se deixaram permear na essência com o labor pelos ditames espirituais. – ênfase em Deus.
VI. Realismo (naturalismo) e Parnasianismo – representação mais objetiva e fiel da vida humana. Impressão de realidades pessoais. Aspecto materialista da existência humana. Figura nesta fase Machado de Assis. Com a valorização da forma e exibição da técnica e do preciosismo formal, buscando sempre o termo perfeito, surge a escola parnasiana, e, dentre os escritores eminentes, se destaca Olavo Bilac. – ênfase no homem.
VII. Simbolismo – convida novamente os sentimentos e emoções, fazendo alusão a elementos próprios de rituais religiosos (incenso, altares, arcanjos, etc). Escritores de destaque: Cruz e Souza e Augusto dos Anjos. – ênfase em Deus.
VIII. Modernismo – o modernismo traz uma gama de idéias que se vêem cultuadas pelos artistas proeminentes. Idéias que objetivam novos meios de expressão. E, nessa tentativa cada vez mais individual de conceber a arte, se pergunta: onde está a ênfase?
§ Futurismo - (do italiano Marinetti, líder do futurismo: “façamos corajosamente o ‘feio’ em literatura e matemos de qualquer maneira a solenidade. Dou o verso livre, eis finalmente a palavra em liberdade”.)
§ Cubismo – decomposição e geometrização das formas naturais, processo intelectual arbitrário.
§ Expressionismo – destaque para a percepção do artista, com suas reações subjetivas referentes à própria criação artística.
§ Surrealismo – ativação do inconsciente e da fantasia por intermédio da “escrita automática” e aproveitando frequentemente a psicanálise.

“Os errados de espírito virão a ter entendimento; os murmuradores aceitarão a instrução” (Is 29.24)

“...não há limite para fazer livros, e o muito estudar enfado é da carne. De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; Porque este é o dever de todo o homem” (Ec 12.12-13)

Um comentário:

  1. Passei pelo o teu blog irmão Claudio e o achei maravilhoso. Assim como as postagem. Continue porque vou te acaompanhar.

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