domingo, 28 de setembro de 2014

O descompasso entre ideologias partidárias e valores cristãos

Os valores eternos (e por isso absolutos) da Palavra de Deus (a Bíblia Sagrada) são a marca do discurso cristão. Como exemplo deles, podemos citar:

• A defesa da existência de Deus (por isso se é contra o ateísmo e o agnosticismo).
• A defesa da vida (por isso se é contra o aborto e a eutanásia).
• A defesa da ética (por isso se é contra a corrupção).
• A defesa da família (por isso se é contra o sexo antes do casamento, o divórcio por qualquer motivo e o casamento [casamento mesmo] entre pessoas do mesmo sexo).
• A defesa da qualidade de vida (por isso se é contra a bedida alcoólica e a descriminalização da maconha e/ou outras drogas).

O cristão que se preza deve estar atento, portanto, às discussões que envolvem esses temas e saber expor a visão de mundo cristã diante deles. E deve também se posicionar em relação à essas discussões na medida em que elas são ampliadas no discurso político, principalmente neste período eleitoral.

Dizer simplesmente como alguns: “sou evangélico, mas não sou alienado e por isso voto no PT”, me parece um discurso fácil e ausente de base sólida para o pensamento cristão. Realmente, percebo um descompasso nos cristãos (evangélicos, católicos, etc) que se filiam aos partidos com ideologias contrárias a vida cristã, e naqueles que dizem votar em candidatos desses partidos (como o PT, PSOL, PSTU, PC do B, etc) quando esses partidos discursam e agem abertamente contrários à verdade absoluta da Palavra de Deus.

Penso que, mesmo sendo sinceros, os cristãos que se posicionam assim não compreendem a ideológia partidária militante em vista, e entram em contradição com suas crenças de valores ao desconsiderarem a postura anti-cristã desses partidos. Se colocarmos em paralelo, de um lado o conteúdo da Palavra de Deus e do outro lado o discurso (e a prática) de políticos como Marta Suplicy, Fernando Haddad, “Lulidilma”, Fátima Bezerra, Jean Wyllys, Luciana Genro, Chico Alencar, etc, veremos que os dois conteúdos não se coadunam.

Em um outro texto, anterior a este, fiz referência a algumas atitudes que são evidentemente contrárias à cosmovisão bíblica e, a título de lembrança, quero listá-las mais uma vez, lembrando que a bancada do atual governo, no Congresso, partilha de uma ideologia totalmente contrária aos valores que firmaram a democracia, a liberdade e a vida normal em sociedade.

• A terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (o PNDH 3 - veja o vídeo de Ives Gandra no Programa do Jô), entre outras coisas, indica nas entrelinhas a censura da imprensa, a educação refém desse plano e o direito de propriedade ameaçado.
• Fernado Haddad (PT), atual prefeito de São Paulo, substituiu o dia dos pais e o dia das mães pelo “dia do cuidador”, sinalizando o desrespeito e a desestruturação da instituição familiar tradicional.
• Quando o ex-deputado petista Luiz Carlos Bassuma ainda estava no partido, ele se posicionou contra a legalização do aborto e um grupo do PT da Bahia pediu sua expulsão do partido. Depois decidiram suspender suas atividades partidárias, numa clara manifestação de autoritarismo tentando privá-lo de seus direitos por causa da sua convicção filosófica e religiosa.
• O governo pretendia doutrinar as crianças e adolescentes na prática homossexual e tornar precoce a prática sexual através do polêmico “Kit Gay”.
• A senadora Marta Suplicy (PT) desengavetou o PL 122, como “Lei Anti-Homofobia” e o presidente do senado Renan Calheiros quase coloca em votação. Mas esse projeto já foi enterrado. A turma do PT, além de outros senadores, votaram contra o “sepultamento” desse projeto.
• A presidente Dilma estava para editar uma resolução que, na política sobre drogas, as clínicas de dependentes químicos não poderão falar sobre religião.
• A indicação de que o crime compensa é claramente manifesta na opinião de Lula e outros petistas quando dizem que não houve o mensalão e, portanto, para eles, José Genoíno e José Dirceu, dentre outros, seriam inocentes.

Porém, antes de alguém argumentar dizendo que há candidatos cristãos (e de partidos que se dizem cristãos) com práticas corruptas ou antiéticas (sendo processados no STF ou em outras cortes), quero expor a leitura que faço sobre isso: todos nós somos seres humanos propensos à equívocos em decorrência da fragilidade humana; uma coisa é errar buscando acertar e outra coisa é errar deliberadamente; os cristãos que erram não o fazem amparados em “prerrogativas” que justifiquem seus erros, ao contrário, costumam chamar o erro de erro mesmo (ou em outras palavras: pecado). E esses candidatos ditos cristãos, se de fato estão respondendo por crimes, são responsáveis por seus erros e, se condenados, devem pagar por eles.

Concluo enfatizando dois pontos de vista sobre nosso processo eleitoral: primeiro, para sermos coerentes com aquilo que cremos e vivemos devemos buscar conhecer as motivações das candidaturas expostas e verificarmos se elas, de fato, se coadunam com nossa visão de mundo cristã. Segundo, não acho que os melhores candidatos estão nas igrejas ou em associações ditas cristãs, acho que os melhores candidatos têm pensamentos e posturas que expressam a verdade absoluta da Palavra de Deus.

sábado, 13 de setembro de 2014

O SOCIALISMO MARXISTA É BOM PARA NÓS?

Cada partido tem a sua teoria de organização econômica, podendo ser socialista, comunista, capitalista, liberal, neoliberal, etc. Penso que devemos olhar com cuidado para essas teorias, pois elas trazem outras implicações profundas para o cidadão, além da questão puramente econômica.

A chamada “esquerda política” é voltada para o SOCIALISMO que, dentre outras defesas, sugere a atuação mais enérgica do Estado visando o bem estar social na medida em que prega a igualdade de oportunidades para todos os indivíduos. Numa primeira vista, essa proposta parece benéfica, porém, um de seus mentores – Karl Marx – ensinou que o socialismo só seria alcançado através da luta de classes e da revolução do proletariado (a classe social trabalhadora com sua capacidade de trabalhar). A história é testemunha dos resultados advindos da tentativa de criar uma sociedade socialista. É só verificar o que aconteceu na antiga URSS, na Rússia, na Alemanha Oriental (separada da Ocidental pelo muro de Berlim) e outros países que adotaram esse sistema. Eu indico dois resultados: derrocada econômica e falta de liberdade (de expressão, religiosa, etc).

Na União Soviética (revolução de 1917), os chamados “bolcheviques” (maioria) liderados por Lênin, estabeleceram medidas radicais como: o confisco sumário das propriedades fundiárias, sem indenização; a expropriação completa das indústrias e das pequenas empresas; e a obrigação dos camponeses entregarem ao governo a colheita de cereais excetuando-se apenas a parte de seu consumo próprio. Dentre as consequências dessas medidas, houve o colapso da economia russa que caiu a níveis inferiores aos de antes da Primeira Guerra.

Para tentar reerguer a economia do país, o governo de Lênin criou uma comissão (Gosplan) e, dentre as medidas, ele procurou atrair capitais estrangeiros, estabeleceu o livre comercio interno e autorizou as diferenças salariais. Para justificar a necessidade de se recorrer às medidas capitalistas (sua nova política econômica que combinava princípios socialistas com elementos capitalistas), ele dizia que “iria dar um passo atrás, para dar dois passos à frente”, e assim, depois de fortalecer a economia, se implantaria o regime socialista. Se você quer saber se isso deu certo, é só recorrer a história russa no período do governo ditatorial de Stálin (sucessor de Lênin). O historiador Cláudio Vicentino, em sua História Geral (2002, p. 374), informa que “Entre 1936 e 1938, julgamento, condenação, expulsão do partido e punição tiveram vários pretextos, mas levaram ao mesmo fim – a instauração da autoridade do Estado stalinista. Sem alarde ou protestos, abafados pelo medo, inúmeros líderes políticos e cidadãos comuns foram aprisionados, executados ou mandados para prisões em regiões remotas, como a Sibéria”.

A doutrina socialista é irmã do COMUNISMO. Essa ideologia prega uma sociedade igualitária sem diferenciação de classes sociais, e com o controle dos meios de produção (e a propriedade comum). Mas os países que adotaram o comunismo tiveram sempre dois resultados comuns: a derrocada econômica e a falta de liberdade de expressão (da imprensa, da religião, etc). Concernente à derrocada econômica, penso (como leigo no assunto de economia) que a economia se enfraquece e atrasa o desenvolvimento desses países pois não se dá “o passo atrás” do princípio capitalista que estimula a pequena manufatura privada, o pequeno comércio e a livre venda de produtos como motivação à produção e o abastecimento do mercado (embora eu não seja defensor ferrenho do capitalismo, pois ele também tem suas agruras).

Quanto à falta de liberdade religiosa, sempre me perguntei: “Por que Marx, e o comunismo, são radicalmente contra a religião?". Descobri que, para Marx, a religião havia tolerado e apoiado a opressão do proletariado por parte da burguesia. Assim, a religião teria de ser eliminada e o ateísmo promovido. Para Marx, segundo a interpretação de Alister McGrath em seu livro Apologética Cristã no Século XXI (2008, p. 277), a religião “[...] é um conforto que capacita as pessoas a tolerarem sua alienação econômica […] A divisão de trabalho e a existência da propriedade privada produzem alienação e estranhamento na ordem econômica e social”. Por isso, os países que adotaram o comunismo perseguiram tanto os cristãos.

Mas esse ateísmo marxista é uma hipótese não provada, pois o estabelecimento do comunismo em vários países só fez a religião sobreviver e prosperar (apesar da perseguição). A história de Richard Wurmbrand, contada em seu livro Torturado por amor a Cristo, revela que o ateísmo amparado no sistema ideológico marxista é tão cruel que sua maldade é difícil de se acreditar. Ele disse: “Quando o homem não crê na recompensa do bem ou no castigo do mal, não vê razão para ser humano. Não há como reprimir a ação do mal profundamente enraizada no homem”. A declaração dos torturadores naqueles dias revela essa verdade: “Não há Deus nem vida futura, nem castigo pelo mal. Podemos fazer o que queremos”. Dessa forma, eles pensavam e justificavam sua brutalidade para com os prisioneiros.

Pensando sobre essas coisas, sei que as siglas que contenham as palavras SOCIAL, SOCIALISMO, SOCIALISTA, COMUNISTA, HUMANISTA, TRABALHADORES, etc, nem sempre refletem a ideologia marxista em sua íntegra. Porém, para sermos coerentes com aquilo que cremos e vivemos, precisamos conhecer o que, de fato, defendem os partidos políticos de nossa nação e o que seus representantes estão dizendo e defendendo em seus discursos e em seus projetos.

Cláudio Ananias