quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Subsídio para Lições Bíblicas (Lição 8)

Quando a Igreja de Cristo é Perseguida




Perseguição à Igreja! Quando este assunto entra em pauta, para os que leram Torturado por amor a Cristo, do cristão romeno Richard Wurmbrand, não é possível que o conteúdo ali exposto seja esquecido. O relatório comovente de um sobrevivente dos suplícios a que a Igreja da Cortina de Ferro foi exposta traz para os cristãos a certeza de que, ainda no presente, é possível ser fiel à Cristo diante das perseguições, sejam elas em quais níveis forem.

Logo no início da 5ª edição deste livro, lemos as palavras: “O playboy que se tornou pregador — esteve preso durante 14 anos em ca¬deias comunistas.
Os guar¬das tentaram forçá-lo a confessar que pertencia a uma rede de espionagem imperialista.

Foi açoitado, torturado e obrigado a ingerir dro¬gas.
Apesar de tudo ele resistiu e ficou firme.

Passou dois anos na "cela da morte" — assim chamada por não ter vol¬tado ninguém dali com vi¬da.
”1

O Pr. Claudionor de Andrade, comentarista deste trimestre, procura aguçar a curiosidade dos que não tiveram acesso à obra aludida ao dizer: “Quem ainda não leu o excelente livro Torturado por Amor a Cristo?... mostra-nos o quanto a Igreja de Cristo sofreu nos paises comunistas. Atrás da cortina de ferro, eram os cristãos perseguidos física, cultural e institucionalmente”.

Aqui reproduzo o resumo, encontrado na página 5: “O Rev. Richard Wurmbrand é o ministro evan¬gélico que passou 14 anos como prisioneiro dos comu¬nistas, torturado em sua própria terra, a Romênia. É um dos mais conhecidos líderes evangélicos, autor e educador. Poucos nomes são mais conhecidos em sua terra natal.

Em 1945, quando os comunistas tomaram a Romênia e tentaram submeter às Igrejas aos seus propósitos, Richard Wurmbrand imediatamente iniciou um minis¬tério eficiente e vigoroso, pelo processo chamado "sub-terrâneo", destinado à pregação do Evangelho ao seu povo escravizado pelos soldados russos invasores. Foi preso em 1948 com sua esposa Sabina. Durante três anos sua esposa trabalhou escravizada e Richard Wurm¬brand passou esse tempo numa prisão solitária — sem ver qualquer pessoa, a não ser os seus torturadores co¬munistas. Depois de três anos foi transferido para uma cela coletiva, onde as torturas continuaram durante cinco anos.

Por causa de sua liderança cristã internacional, di¬plomatas de embaixadas estrangeiras indagaram ao go¬verno comunista sobre sua segurança. A resposta foi que ele havia fugido da Romênia. Elementos da polícia secreta, passando como ex-companheiros de prisão, dis¬seram à sua esposa que assistiram ao seu funeral no cemitério da prisão. Sua família na Romênia e seus amigos de outros países foram avisados que deveriam esquecê-lo em vista de já estar morto.

Depois de oito anos foi solto e imediatamente reas¬sumiu seu trabalho na Igreja Subterrânea. Dois anos depois, em 1959, foi outra vez preso e condenado a 25 anos de reclusão.

Foi solto em 1964 por uma anistia geral e mais uma vez prosseguiu em seu ministério secreto. Levando em consideração o grande perigo de um terceiro período na prisão, crentes da Noruega negociam com as auto¬ridades comunistas sua permissão para deixar a Romênia. O governo comunista havia iniciado a "venda" dos seus presos políticos. O preço da libertação de um prisioneiro era de 800 libras, mas o preço de Wurmbrand foi fixado em 2.500 libras!

Em maio de 1966 testemunhou ele em Washington perante a Subcomissão de Segurança Interna do Se¬nado Americano, ocasião em que tirou a camisa para mostrar aos presentes dezoito profundas cicatrizes pro-vocadas pelas torturas físicas recebidas.
Sua história foi levada a todo o mundo pela im¬prensa livre dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. Em setembro de 1966 foi advertido que o regime comu¬nista da Romênia decidira eliminá-lo. Apesar disso não silenciou e continua a dar seu testemunho. Tem sido chamado "a voz da Igreja Subterrânea". Líderes cristãos têm-no considerado o "Mártir Vivo" e o "Paulo da Cortina de Ferro
".2

Esse retrato de perseguição pode ser visto como uma continuidade dos encalços que a igreja enfrentou nos seus primórdios. E não há uma única razão para tal, muitos motivos são patentes hoje na contemporaneidade da Igreja. Earle E. Cairns, historiador da Igreja cristã, coloca como causas da perseguição a política, a religião, os problemas sociais e econômicos.3 Pr. Altair Germano comenta a abordagem de Cairns em seu comentário desta semana: http://www.altairgermano.net/2011/02/quando-igreja-de-cristo-e-perseguida.html

É importante mencionar ainda nesse tema, as constantes perseguições que a Igreja evangélica sofreu na implantação de seus trabalhos no Nordeste do Brasil, especialmente pela liderança católica. Por exemplo, no Rio Grande do Norte, muitos municípios enfrentaram esse tipo de perseguição como é destacado na História das Assembléias de Deus no Brasil. No município de Ceará-Mirim foi deflagrada uma campanha difamatória pelo vigario local e seus paroquianos culminando numa procisão de desagravo. Por ocasião da inauguração do templo, o padre quis impedir o evento ameaçando transtorná-lo. Assim narra os historiadores: “Os evangélicos recorreram ao Governador do Estado, Juvenal Lamartine, que deu todo apoio e proteção, não só para inaugurar o templo com também para pregar o evangelho”.4

Como forma de contextualizar a situação da Igreja hoje, no que concerne a perseguição, um bom subsídio está no site da Missão Portas Abertas, onde é colocado a classificação de países por perseguição: www.portasabertas.org.br/classificacao
Excelente aula!

Cláudio Ananias

Referências:
1. WURMBRAND, Richard. Torturado por Amor a Cristo. Imprensa Metodista, 1976. Pg. 2.
2. Idem, pg. 5
3. CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos séculos. São Paulo, Vida Nova, 1995. Pg. 70-73.
4. ALMEIDA, Abraão de. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro, 1982. Pg. 147.

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